terça-feira, 12 de março de 2013

VAMOS DIALOGAR !!!


A partir da leitura desse artigo “ANÁLISE DE RELATOS SOBRE GESTÃO ESCOLAR: DIÁLOGOS COM SUJEITOS PIBIDISTAS, LÍDERES DE SALA DE AULA E REPRESENTANTE DO COLEGIADO ESCOLAR” será que nós estamos tendo na verdade uma gestão democrática onde toda a comunidade escolar participa das decisões que são tomadas nas escolas

ANÁLISE DE RELATOS SOBRE GESTÃO ESCOLAR: DIÁLOGOS COM SUJEITOS PIBIDISTAS, LÍDERES DE SALA DE AULA E REPRESENTANTE DO COLEGIADO ESCOLAR
 
Fabrícia Peixoto De Souza1
Daniele Santiago Santos2
 
Resumo: Este trabalho visa discutir sobre os estudos e pesquisas realizadas através do Subprojeto de Pedagogia “O processo formativo do pedagogo e a escola de educação básica: microrrede ensino aprendizagem formação”, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. De modo que a pesquisa trata-se de uma abordagem qualitativa e do tipo etnográfico em que utilizamos de entrevistas para recolha de dados sobre a gestão escolar do Colégio Estadual Luiz Viana Filho – CELVF, Jequié-BA, instituição parceira do programa. Através de estratégia lúdica de pesquisa propomos uma Intervenção Pedagógica “A gestão escolar e a vida cidadã” para os Pibidistas e líderes de sala de aula - do Ensino Médio, matutino, da referida escola. Que como objetivo geral dialogar sobre o papel cidadão na escola e de uma gestão escolar. Como resultados da nossa pesquisa, destacaremos umas das entrevistas que realizamos com a representante dos alunos no colegiado escolar e ao relatar a intervenção pedagógica, apresentaremos questões sobre cidadania, especificidades da escola, participação, democracia e gestão escolar. Em suma, podemos apontar a relevância do diálogo na realização de pesquisas qualitativas e na compreensão do ambiente escolar e das demandas educacionais na perspectiva de uma formação docente pautada em reflexões significativas para o desenvolvimento profissional.
 
 
Palavras - chave: Gestão escolar. Pibidistas. Intervenção Pedagógica.    
 
 
Introdução
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB tem proporcionado um desempenho acadêmico no desenvolvimento dos bolsistas de modo que é constituído por diversos subprojetos de licenciaturas na perspectiva de constituir diálogos entre as diversas áreas de conhecimentos, atitudes interdisciplinares, possibilidades de engajamentos em pesquisa, extensão e docência.
Nesse âmbito, as nossas reflexões são efetuadas no subprojeto de Pedagogia “O processo formativo do pedagogo e a escola de educação básica: microrrede ensino –aprendizagem - formação” como proposta para efetivação de trilhar uma formação inicial do pedagogo (no nosso caso é um grupo composto por mulheres), quando somos aptos a relacionar a teoria e prática, universidade e a escola de educação básica.
Assim, focaremos nas nossas reflexões questões em torno da gestão escolar, especificamente em uma das escolas que o programa possui parceria, nomeado como Colégio Estadual Luiz Viana Filho – CELVF, no município de Jequié-BA, em que semanalmente perpassamos quatro horas dentro da escola em diversas aprendizagens.
Importante ressaltar que no final do ano de 2011 iniciamos o nosso olhar e estudos referente a gestão escolar, de modo que compreendemos o campo da pedagogia em diversos espaços da escola, já que a docência e a identidade profissional pode ser associada por diversos fatores culturais, sociais e históricos.
A nossa pesquisa foi contemplada com um viés qualitativo, pontuado a importância dos sujeitos nesse processo de pesquisa. Segundo Marli André (1995) a escolha da abordagem permite ao pesquisador escolher qual tipo de pesquisa utilizará na recolha de dados. Nessa vertente e através de estudos priorizamos direcionar o nosso olhar sobre gestão escolar através da pesquisa do tipo etnográfico, que nos possibilitou a ter uma aproximação dos sujeitos da escola e as suas especificidades enquanto sujeitos cidadãos. Ou seja, a pesquisa etnográfica permite ao pesquisador manter uma relação com os sujeitos envolvidos, entendendo-os com uma visão geral (TEIS; TEIS, 2006).
Assim, realizamos entrevistas traçadas por diálogos entre nós bolsistas e os sujeitos pesquisados (comunidade escolar), como recurso utilizamos de gravadores para proporcionar um maior controle dos dados e posteriormente uma análise da pesquisa para possíveis produções cientificas.
Já no ano de 2012 demos continuidade a pesquisa e estudos na área de gestão escolar ,sendo alterado algumas integrantes de pedagogia, já que algumas bolsistas precisavam-se desvincular do programa devido a conclusão do curso, mas o quadro foi recomposto com novas bolsistas. Com uma nova coordenação também, tentamos dar continuidade aos nossos estudos e com planejamento de novas metas. Assim, aprofundamos estudos coletivos em relação ao Programa de Capacitação a Distância para Gestores – Progestão, de modo que refletimos sobre a complexidade que envolve a gestão escolar e questionamos sobre as imposições, as carências e as inquietações da comunidade escolar.
Como complementação dos estudos, realizamos no início do segundo semestre de 2012 uma intervenção pedagógica denominada “A gestão escolar e a vida cidadã” no CELVF, com um público-alvo constituído por alunos (Pibidistas e líderes de sala do Ensino Médio - matutino), sendo um total aproximadamente de 12 alunos. Essa intervenção foi constituída pelos seguintes objetivos: Dialogar sobre o papel de cidadão na escola e de uma Gestão Escolar; Identificar aspectos sobre a gestão escolar, enfocando suas ações e a participação dos sujeitos (comunidade escolar); e refletir sobre a importância da participação no ambiente escolar. Em que foram realizadas atividades que geraram em torno de discussões sobre gestão escolar, cidadania, especificidades da escola, democracia e participação. Os recursos utilizados para recolha de dados foram à exibição de vídeo, dinâmica e leitura, proporcionando assim diálogos significativos dos sujeitos da escola.
No desenvolvimento das reflexões abordaremos questões sobre a importância da pesquisa nos diálogos traçados referente à gestão escolar e a visão dos discentes sobre a sua escola. De modo que trata-se de uma pesquisa em andamento e neste referido trabalho faremos um recorte de dados que nos chamaram atenção para essa discussão.
 
A importância da pesquisa e suas contribuições na esfera das reflexões sobre gestão escolar: uma análise de entrevista com a representante do colegiado (Pibidista)
 
Ao reconhecermos a importância da pesquisa na formação inicial docente exploramos através do PIBID um viés qualitativo nas nossas abordagens de pesquisa na ambiência escolar. De forma que aprofundamos em questões que estão relacionadas com a nossa formação em pedagogia na perspectiva de compreendemos a complexidade que envolve a escola e mais um campo de atuação do Pedagogo.
Assim, nos organizamos e planejamos os materiais através de estudos e pesquisas que direcionaram os nossos objetivos, nesse contexto elencamos alguns itens para priorizamos nas entrevistas sobre Gestão Escolar, tais como: Informação democratizada; Conselhos escolares; Participação de estudantes, pais, mães e comunidade em geral; Parcerias locais e relacionamento da escola com os serviços públicos; Tratamento aos conflitos que ocorrem no cotidiano da escola; Participação da escola no Programa Dinheiro Direto na Escola; e Participação em outros programas de incentivo à qualidade da educação do governo federal, governos estaduais ou municipais. Por serem as entrevistas gravadas, na realização da pesquisa surgiram outros questionamentos acerca da temática, proporcionando assim uma maior interação entres os sujeitos pesquisados e nós bolsistas de pedagogia. Referente ao primeiro eixo sobre informação a aluna representante do colegiado no ano de 2011 relata que “Nós somos avisadas, ficamos por dentro. Há uma participação da gente aluno. O colegiado sempre é avisado, eu entrei agora, mas sempre estamos por dentro das coisas.”
A informação é essencial dentro de qualquer ambiente institucional, no caso da escola, quando ela acontece, de forma que toda a comunidade seja avisada, pode ser considerada como democratizada, na medida em que os sujeitos saibam o que irá acontecer com antecedência dentro da instituição e fiquem informados dos seus direitos e deveres. Nesse ponto, cabe destacar a vertente sobre gestão escolar:
 
Cabe ressaltar que a gestão escolar é uma dimensão, um enfoque de atuação, um meio e não um fim em si mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem afetiva e significativa dos alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola, desenvolvam as competências que a sociedade demanda, dentre as quais se evidenciam: pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas, de forma contextualizada; expressar idéias com clareza, tanto oralmente, como por escrito; empregar a aritmética e a estatística para resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentais e resolver conflitos, dentre muitas outras competências necessárias para prática da cidadania responsável. (LÜCK, 2000, p.8).
 
Assim, a gestão escolar não esta acabada dentro da escola, pelo contrário, a gestão possui um movimento regido pelas próprias demandas educacionais e da sua própria realidade local. Outro ponto que merece destaque é referente ao colegiado escolar. Quando questionado sobre atuação do mesmo, a aluna também respondeu: “Nas reuniões é atuante sim. Nós já falamos do desempenho dos alunos ruins, demos opiniões para melhorar, tipos planos para fazer uma aula diferente. Falamos de alguns probleminhas do colégio, pensando como resolver.” Com esse relato, podemos perceber o quanto é fundamental um colegiado na resolução de decisões dentro da escola e a junção de vários representantes para tratar de questões dos seus próprios interesses, inclusive a categoria dos discentes. Podemos abarcar que o conselho escolar é:
 
[...] um órgão colegiado que tem como objetivo promover a participação da comunidade escolar nos processos de administração e gestão da escola, visando assegurar a qualidade do trabalho escolar em termos administrativos, financeiros e pedagógicos. Para tanto, desempenha funções normativas, deliberativas e de fiscalização das ações globais da escola. (PARENTE; LÜCK, 2000, p. 157)
 
Compete assim, ao colegiado escolar e seus integrantes buscar uma melhoria de qualidade para educação pública, de modo que a questão quantitativa esteja relacionada com um viés qualitativo de questões pedagógicas e dentre outros âmbitos. Ao continuarmos o diálogo a aluna ressalta também sobre a participação dentro da escola:
 
Não há grêmios estudantis, mas há líderes de sala, representante no colegiado (alunos). Há um diálogo dos líderes com a gente. Com representante de sala a gente conversa e fala com os demais sobre as decisões. Nos reunimos para decisões. Em relação a dinheiro todos os alunos não se reúnem para decidir não, mas eu no colegiado. Há uma participação, interação só quando tem reuniões (da coordenação com os pais, entrega de boletins) acho que deveria haver outros momentos. Mas acho difícil os pais participarem de outros momentos se forem convidados. Em muitas das vezes os alunos não avisam para seus pais e alguns pais também trabalham e não podem vir. Não tenho sugestões no momento para acontecer esses encontros. Às vezes a escola abre as portas para comunidade (jogos nos finais de semana e etc.). Quando a escola faz algum evento à comunidade participa. Assim, quando a escola decide as ações, são passadas para a gente e agente acata (a coordenação comunica). Já aconteceram maratonas e gincanas aqui na escola e utilizamos de outros espaços (centro de cultura e palácio das artes).
 
 
Nessa referente fala, a aluna deixa implícita a carência da relação da família e escola, que pode esta relacionada com vários fatores que envolvam todos os sujeitos, comunidade escolar interna e externa, tais como: professores, pais, alunos, coordenação, gestão escolar e dentre outras pessoas. Ainda sobre a questão de participação, é fundamental ressaltarmos que:
 
A participação da comunidade, ou seja, de pais de alunos e outros moradores, jovens e adultos, está longe de significar algo em vias de concretização. Vários diretores revelam forte descrença quanto a uma efetiva participação. Assim, em muitos depoimentos, encontra-se a idéia de que a população é equivocada a respeito de uma suposta exclusiva obrigação do Estado para com a educação escolar. (TORRES; GARSKE, 2000, p. 62)
 
 
Assim, o que não nos compete aqui é dizer de quem é a culpa dessa carência, mas de verificar que em muitas das vezes há uma transferência de atribuições, principalmente da família para a escola ou até mesmo uma falta de comunicação e estratégias diferenciadas para proporcionar esses encontros.
Referente ao tratamento dos conflitos que ocorrem no cotidiano da escola foi especificado pela aluna que “Quando acontecem problemas aqui na escola a  diretora chama para conversar e se não resolver chama outras parcerias para ajudar. E se continuar o aluno é transferido da escola ou leva suspensão.” A mesma ainda complementa sua resposta dizendo que “Os professores não dialogam e nem negociam em relação às brigas dos alunos.”
Em relação à participação da escola no Programa Dinheiro Direto na Escola - PPDE foi relatado pela aluna que “A escola recebe do PDDE, que manda uma verba, acho que é do estado. A utilização desses recursos é discutida democraticamente nas reuniões de colegiado. O dinheiro é para as coisas mais urgentes.” Quando questionada também sobre a participação em outros programas de incentivo à qualidade da educação do governo federal, dos governos estaduais e municipais, a mesma relatou demonstrando nenhuma informação sobre a questão “Não me lembro desses programas, já ouvir falar do Mais Educação, mas não sei se na escola tem, acho que sim.”
Nesse âmbito, podemos perceber a importância da participação de alunos no colegiado escolar e a necessidade de informação das especificidades que compõe uma escola. Cabendo ao sujeito interagir nas questões e decisões que lhes são oportunas e necessárias. Pois a responsabilidade da escola não é somente de uma parcela da comunidade ou dos sistemas superiores de educação, mas de toda sociedade.
 
Intervenção pedagógica com os Pibidistas (lideres de sala de aula) através de uma estratégia lúdica na realização de pesquisa qualitativa sobre as especificidades da escola
 
Ao compreendermos o processo democrático na escola ou em qualquer âmbito da sociedade é de fundamental importância abordarmos a cerca do diálogo como fator principal na relação democrática de um grupo. O diálogo é o momento que está inteiramente relacionado com a participação democrática envolvendo discussões para possíveis tomadas de decisões dentro da escola. Nessa concepção a escola:
 
É um espaço socioorganizacional no qual atuam diversos indivíduos ligados entre si por vários tipos de relações mais ou menos formalizadas, abrigando tensões, negociações, colaborações, conflitos e reajustamentos circunstanciais ou profundos de suas relações. (TARDIF E LESSARD, 2009, p.55).
 
 
 Na intervenção pedagógica “A gestão escolar e a vida cidadã”  realizada com os Pibidistas (líderes e vice da sala de aula)  constituído por  um grupo de 12 alunos do Colégio Estadual Luiz Viana Filho- CELVF foram traçados diversas questões referente a participação dos mesmos na escola, tais como: os diferentes direitos e deveres do alunos e professores , a necessidade de um grêmio estudantil, inclusão escolar, o papel da escola, as informações da escola , a importância das  decisões serem coletivas, dentre outras questões que retrataram as especificidades da escola. Sendo assim, abordaremos algumas questões específicas em relação ao que foi citado anteriormente.
Assim, na análise dos resultados observamos que os Pibidistas pronunciaram sobre as dificuldades dos mesmos referente aos diálogos com as outras turmas e com a escola, necessitando assim de um grêmio estudantil. Nessa vertente:
 
O Grêmio é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação, tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade. O Grêmio é também um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos.(ref)
 
 
 O grêmio é na verdade onde o estudante consciente do seu papel na escola tem a possibilidade de resolver e opinar nas questões mais aprofundadas dentro do ambiente escolar, aumentando assim a participação dos alunos na escola, contribuindo na construção de um ambiente crítico e reflexivo. Sendo assim é fundamental nessa discussão destacar a importância do diálogo. Na concepção de Freire:
 
Por isso, o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se e um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE, 2005, p.91).
 
Nessa reflexão, reconhecemos a intervenção pedagógica como uma possibilidade de diálogo, na medida em que nos colocamos como sujeitos ativos dentro do ambiente escolar. “O que importa, o que verdadeiramente importa, é recentrar o nosso discurso sobre a escola. Dar prioridade, não ao sistema ou às escolas ,mas à Escola com letra grande. Mas para isso, há que alargar, ampliar elevar o olhar: ver a Escola para lá das escolas”.( POMBO,S/D,p.28).   
Diante das questões propostas por nos Pibideiras (bolsistas) na atividade com os Pibidistas, ambos refletiram sobre as especificidades da escola, no tocante da gestão escolar. Neste sentido, as discussões envolveram todos na Intervenção Pedagógica de maneira significativa pela motivação das atividades lúdicas que “[...] por si mesmas, são construtivas, na medida em que são ações; e, sabemos, a partir de várias tradições teóricas, que o ser humano enquanto age modificando o mundo, modifica-se também a si mesmo”. (LUCKESI,S/D,p.43). Importante ressaltar que o lúdico que utilizamos foi o jogo confeccionado por nós e denominado como “Jogo da árvore genealógica” devido ás diversas imagens de escolas que utilizamos, composto por diversas bexigas e envelopes na pretensão de fazermos comparações e indagações sobre a  escola na vida dos discentes. Contribuindo assim, para um bom desenvolvimento dos diversos pontos propostos que reverberaram numa pesquisa de abordagem qualitativa na interpretação dos fatos, levando em consideração as especificidades de cada discussão. Sendo assim entendemos que:
 
Por meio do método qualitativo, o investigador entra em contato direto e prolongado com os grupos humanos, com o ambiente e a situação que está sendo investigada, permitindo um contato de perto com os informantes.(MARCONI;  LAKATOS,  2004, p.272).
 
Facilitando assim o desenvolvimento da pesquisa com o movimento contextualizado dos sujeitos envolvidos. De modo que tivemos um compromisso ético com as opiniões e com os dados coletados para essa atual reflexão.
Na discussão que abrangeu as contribuições da escola para a vida dos alunos, percebemos que alguns alunos trazem um pensamento limitado no sentido de não pensar a escola numa formação completa do individuo, porque para eles a escola vai trazer um conhecimento profissional. É neste sentido que para Paro (2007) a formação de indivíduos críticos, transformadores e libertadores só podem ocorrer numa escola de qualidade, que busque a formação do sujeito para autonomia, tirando o mesmo da heteronomia, trazendo elementos culturais numa educação para democracia, na emancipação do humano para ser feliz, no qual o trabalho sirva para a construção e a transformação da realidade. Essa realidade somente poderá ocorrer em espaços que possuam uma gestão democrática, desde a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico, até o fortalecimento do colegiado e a diminuição das diferenças socioeconômicas.
Ao percebermos o processo de uma gestão escolar democrática os alunos revelam diversos entendimentos acerca da questão abordada já que se tratava de um público de doze alunos, como por exemplo, para alguns alunos uma gestão escolar democrática é aquela que “deixa os alunos informados das decisões e participa das decisões que são tomadas na escola.” Em relação ao questionamento se as decisões da escola são democráticas alguns discentes revelam que quando a escola vai tomar decisões os alunos não sabem quando ver já tomou, a escola toma decisão e dar a notícia”. Uma outra opinião acerca da mesma pergunta foi contemplada da seguinte forma: As informações  são postadas nos murais da escola o alunos também tem a obrigação de buscá-las. Percebemos assim que as informações na escola é um ponto importante, mas que uma gestão democrática vai muito além das decisões e das informações.
Sobre a questão financeira, as respostas foram contrárias também, pois alguns opinaram que os discentes não precisam saber o que a diretora vai fazer com o dinheiro, já outros discentes especificaram que eles precisam sim saber. Sabemos que a obrigação do gestor é informar sobre os gastos da escola e cabe aos alunos como indivíduos participantes do processo educativo manter-se informados sobre a questão.
Na definição da democracia eles acreditam que é ser democrático é “compartilhar as opiniões com os outros.” Sendo assim, podemos citar que o dicionário Aurélio define democracia como “1.Governo do povo; soberania popular.2.Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder. (Ferreira, 2001, p.226)
Na afirmação de alguns alunos, ficou óbvio que os discentes possuem já conhecimentos sobre seus papéis dentro da escola, pois são cidadãos de direitos e deveres, mas em relação à concepção de uma gestão escolar democrática ainda há diferenciações, ficando retratado que ainda não possuem uma definição do que é realmente uma gestão democrática.
Sobre a reflexão da gestão escolar democrática, Paro (1987) ressalta como algo utópico, não por que é impossível de existir, mas por que pode ser vista como inexistentes, mas capaz de existir para solucionar muitos dos problemas escolares.
Dessa forma, as possibilidades surgem com diálogos e o reconhecimento do que é ser cidadão e o papel essencial das participações dentro do ambiente escolar. Na medida em que reconhecem a necessidade de uma gestão escolar que sejam de responsabilidades de todos e pensadas na resolução das suas realidades educacionais. Sendo assim, o que podemos trazer  para o nosso diálogo são  os resultados de uma gestão democrática que de acordo com estudos  demonstra  ser “[...] positivos nos índices de aprovação e permanência do aluno na escola , e a participação  dos pais , em um processo que não vise à mera cobrança ao professor , mas à efetiva integração no processo de ensino e aprendizagem[...]”( FERREIRA E AGUIAR, 2001,p.250)
Sobre a questão da cidadania, os discentes especificaram que todos os homens e mulheres são cidadãos e que tem os seus direitos e deveres, mas que em muitas das vezes os seus direitos não são correspondidos devido às questões econômicas, sendo assim, privilégios somente para uma minoria, e que na maioria das vezes eles enquanto simples estudantes não têm o direito de exigir (por não ter condição financeira).
Ainda sobre a questão da cidadania, eles disseram que ser cidadão é estar orientado pelas coisas da política, deixando implícito o papel importante da política na vida dos cidadãos, e argumentaram também que o papel do cidadão é justamente respeitar e colaborar nos diversos espaços e na sociedade. E neste sentido que Adenilson Junior e Resende (S/D, p.13) afirmam que no“ [...]processo de constituição da cidadania, a educação assume um papel importante na formação do cidadão”.
Prosseguindo ainda com a análise referente à vida cidadã e o papel deles dentro da escola e de alguns como líderes de sala (líder e vice-líder), o grupo de alunos relata a importância deles na sala de aula como exemplo para seus colegas, com compromisso, autoridade, frequência nas aulas, tentar conservar a organização da turma e tomar decisões dialogadas com os seus colegas.
Continuando com o diálogo em outra instância da intervenção pedagógica onde os discentes queixaram sobre os direitos que os professores tem diferenciado deles, como exemplo disso, o grupo de alunos relataram que alguns de seus professores chegam atrasados na sala de aula e já os alunos são extremamente proibidos aos atrasos no início das aulas. Na concepção dos discentes, a categoria docente deveria pelo menos justificar perante aos discentes, pois eles merecem também uma explicação, exigindo então direitos iguais na escola. Assim, entendemos que para o exercício da democracia se concretize é preciso uma mudança de postura do professor numa relação direta no processo de modificar a si mesmo para modificar o outro.
Assim, o estudo que realizamos no PIBID resultou nessa citada intervenção pedagógica que ocorreu através da ludicidade, que estabeleceu assim uma discussão acerca das especificidades da escola envolvendo os estudantes numa dimensão de sujeitos ativos na comunidade escolar, corroborando assim para uma pesquisa de cunho qualitativo numa reflexão contextualizada.
 
CONCLUSÃO
 
Diante do que foi refletido sobre gestão escolar, podemos interpretar e analisar a escola como espaço de acontecimentos e participação nas decisões necessárias para que a democracia aconteça de forma construtiva e interagida entre a comunidade escolar. No caso da escola analisada e dos diálogos traçados com os alunos foi possível compreender que a gestão escolar constitui vários caminhos, podendo ser estes financeiros, administrativos e pedagógicos e que depende do compromisso dos cidadãos na busca de atitudes e estratégias para uma possível gestão escolar democrática.
Ao compreendermos o processo formativo inicial e contínuo do professor entendemos que os referenciais teóricos estudados e as experiências proporcionadas pelo PIBID sobre gestão escolar ampliaram os nossos conhecimentos, contribuindo na elaboração dos estudos dessa referente intervenção e discussão, esclarecendo vários questionamentos da docência. Oferecendo assim, a oportunidade de nos tornamos pesquisadores, para então desenvolver uma reflexão da prática pedagógica no cotidiano do contexto escolar. E uma ação – reflexão – ação desenvolvida no tocante da gestão escolar, lugar entendido como um dos diversos campos de atuação do pedagogo.
Discussões como essas trazem contribuições para atuarmos como futuros profissionais, numa efetiva educação de qualidade nas escolas, que proporcione aos alunos da educação básica uma gestão escolar democrática onde todos os alunos se sintam membro atuante na comunidade escolar.
 
 
 REFERENCIAS
 
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