ANÁLISE
DE RELATOS SOBRE GESTÃO ESCOLAR: DIÁLOGOS COM SUJEITOS PIBIDISTAS, LÍDERES DE
SALA DE AULA E REPRESENTANTE DO COLEGIADO ESCOLAR
Fabrícia
Peixoto De Souza1
Daniele
Santiago Santos2
Resumo: Este trabalho visa discutir sobre
os estudos e pesquisas realizadas através do Subprojeto de Pedagogia “O
processo formativo do pedagogo e a escola de educação básica: microrrede ensino
aprendizagem formação”, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. De modo
que a pesquisa trata-se de uma abordagem qualitativa e do tipo etnográfico em
que utilizamos de entrevistas para recolha de dados sobre a gestão escolar do
Colégio Estadual Luiz Viana Filho – CELVF, Jequié-BA, instituição parceira do
programa. Através de estratégia lúdica de pesquisa propomos uma Intervenção
Pedagógica “A gestão escolar e a vida cidadã” para os Pibidistas e líderes de
sala de aula - do Ensino Médio, matutino, da referida escola. Que como objetivo
geral dialogar sobre o papel cidadão na escola e de uma gestão escolar. Como
resultados da nossa pesquisa, destacaremos umas das entrevistas que realizamos
com a representante dos alunos no colegiado escolar e ao relatar a intervenção
pedagógica, apresentaremos questões sobre cidadania, especificidades da escola,
participação, democracia e gestão escolar. Em suma, podemos apontar a
relevância do diálogo na realização de pesquisas qualitativas e na compreensão
do ambiente escolar e das demandas educacionais na perspectiva de uma formação
docente pautada em reflexões significativas para o desenvolvimento
profissional.
Palavras - chave:
Gestão
escolar. Pibidistas. Intervenção Pedagógica.
Introdução
O
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência – PIBID da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB tem proporcionado um desempenho acadêmico
no desenvolvimento dos bolsistas de modo que é constituído por diversos
subprojetos de licenciaturas na perspectiva de constituir diálogos entre as
diversas áreas de conhecimentos, atitudes interdisciplinares, possibilidades de
engajamentos em pesquisa, extensão e docência.
Nesse
âmbito, as nossas reflexões são efetuadas no subprojeto de Pedagogia “O
processo formativo do pedagogo e a escola de educação básica: microrrede ensino
–aprendizagem - formação” como proposta para efetivação de trilhar uma formação
inicial do pedagogo (no nosso caso é um grupo composto por mulheres), quando
somos aptos a relacionar a teoria e prática, universidade e a escola de
educação básica.
Assim,
focaremos nas nossas reflexões questões em torno da gestão escolar,
especificamente em uma das escolas que o programa possui parceria, nomeado como
Colégio Estadual Luiz Viana Filho – CELVF, no município de Jequié-BA, em que
semanalmente perpassamos quatro horas dentro da escola em diversas
aprendizagens.
Importante
ressaltar que no final do ano de 2011 iniciamos o nosso olhar e estudos
referente a gestão escolar, de modo que compreendemos o campo da pedagogia em
diversos espaços da escola, já que a docência e a identidade profissional pode
ser associada por diversos fatores culturais, sociais e históricos.
A
nossa pesquisa foi contemplada com um viés qualitativo, pontuado a importância
dos sujeitos nesse processo de pesquisa. Segundo Marli André (1995) a escolha
da abordagem permite ao pesquisador escolher qual tipo de pesquisa utilizará na
recolha de dados. Nessa vertente e através de estudos priorizamos direcionar o
nosso olhar sobre gestão escolar através da pesquisa do tipo etnográfico, que
nos possibilitou a ter uma aproximação dos sujeitos da escola e as suas
especificidades enquanto sujeitos cidadãos. Ou seja, a pesquisa etnográfica permite
ao pesquisador manter uma relação com os sujeitos envolvidos, entendendo-os com
uma visão geral (TEIS;
TEIS, 2006).
Assim,
realizamos entrevistas traçadas por diálogos entre nós bolsistas e os sujeitos
pesquisados (comunidade escolar), como recurso utilizamos de gravadores para
proporcionar um maior controle dos dados e posteriormente uma análise da
pesquisa para possíveis produções cientificas.
Já
no ano de 2012 demos continuidade a pesquisa e estudos na área de gestão
escolar ,sendo alterado algumas integrantes de pedagogia, já que algumas
bolsistas precisavam-se desvincular do programa devido a conclusão do curso,
mas o quadro foi recomposto com novas bolsistas. Com uma nova coordenação também,
tentamos dar continuidade aos nossos estudos e com planejamento de novas metas.
Assim, aprofundamos estudos coletivos em relação ao Programa de Capacitação a
Distância para Gestores – Progestão, de modo que refletimos sobre a
complexidade que envolve a gestão escolar e questionamos sobre as imposições,
as carências e as inquietações da comunidade escolar.
Como
complementação dos estudos, realizamos no início do segundo semestre de 2012
uma intervenção pedagógica denominada “A gestão escolar e a vida cidadã” no
CELVF, com um público-alvo constituído por alunos (Pibidistas e líderes de sala
do Ensino Médio - matutino), sendo um total aproximadamente de 12 alunos. Essa
intervenção foi constituída pelos seguintes objetivos: Dialogar sobre o papel
de cidadão na escola e de uma Gestão Escolar; Identificar aspectos sobre a
gestão escolar, enfocando suas ações e a participação dos sujeitos (comunidade
escolar); e refletir sobre a importância da participação no ambiente escolar.
Em que foram realizadas atividades que geraram em torno de discussões sobre
gestão escolar, cidadania, especificidades da escola, democracia e
participação. Os recursos utilizados para recolha de dados foram à exibição de
vídeo, dinâmica e leitura, proporcionando assim diálogos significativos dos
sujeitos da escola.
No
desenvolvimento das reflexões abordaremos questões sobre a importância da pesquisa
nos diálogos traçados referente à gestão escolar e a visão dos discentes sobre
a sua escola. De modo que trata-se de uma pesquisa em andamento e neste
referido trabalho faremos um recorte de dados que nos chamaram atenção para
essa discussão.
A
importância da pesquisa e suas contribuições na esfera das reflexões sobre
gestão escolar: uma análise de entrevista com a representante do colegiado
(Pibidista)
Ao reconhecermos a
importância da pesquisa na formação inicial docente exploramos através do PIBID
um viés qualitativo nas nossas abordagens de pesquisa na ambiência escolar. De
forma que aprofundamos em questões que estão relacionadas com a nossa formação
em pedagogia na perspectiva de compreendemos a complexidade que envolve a
escola e mais um campo de atuação do Pedagogo.
Assim, nos organizamos
e planejamos os materiais através de estudos e pesquisas que direcionaram os
nossos objetivos, nesse contexto elencamos alguns itens para priorizamos nas
entrevistas sobre Gestão Escolar, tais como: Informação democratizada; Conselhos
escolares; Participação de estudantes, pais, mães e comunidade em geral;
Parcerias locais e relacionamento da escola com os serviços públicos; Tratamento
aos conflitos que ocorrem no cotidiano da escola; Participação da escola no
Programa Dinheiro Direto na Escola; e Participação em outros programas de
incentivo à qualidade da educação do governo federal, governos estaduais ou municipais.
Por serem as entrevistas gravadas, na realização da pesquisa surgiram outros
questionamentos acerca da temática, proporcionando assim uma maior interação entres
os sujeitos pesquisados e nós bolsistas de pedagogia. Referente ao primeiro
eixo sobre informação a aluna representante do colegiado no ano de 2011 relata
que “Nós somos avisadas, ficamos por dentro. Há uma participação da gente
aluno. O colegiado sempre é avisado, eu entrei agora, mas sempre estamos por
dentro das coisas.”
A informação é
essencial dentro de qualquer ambiente institucional, no caso da escola, quando
ela acontece, de forma que toda a comunidade seja avisada, pode ser considerada
como democratizada, na medida em que os sujeitos saibam o que irá acontecer com
antecedência dentro da instituição e fiquem informados dos seus direitos e
deveres. Nesse ponto, cabe destacar a vertente sobre gestão escolar:
Cabe ressaltar que a gestão
escolar é uma dimensão, um enfoque de atuação, um meio e não um fim em si
mesmo, uma vez que o objetivo final da gestão é a aprendizagem afetiva e
significativa dos alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola,
desenvolvam as competências que a sociedade demanda, dentre as quais se
evidenciam: pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas,
de forma contextualizada; expressar idéias com clareza, tanto oralmente, como
por escrito; empregar a aritmética e a estatística para resolver problemas; ser
capaz de tomar decisões fundamentais e resolver conflitos, dentre muitas outras
competências necessárias para prática da cidadania responsável. (LÜCK, 2000,
p.8).
Assim, a gestão escolar
não esta acabada dentro da escola, pelo contrário, a gestão possui um movimento
regido pelas próprias demandas educacionais e da sua própria realidade local. Outro
ponto que merece destaque é referente ao colegiado escolar. Quando questionado
sobre atuação do mesmo, a aluna também respondeu: “Nas reuniões é atuante sim.
Nós já falamos do desempenho dos alunos ruins, demos opiniões para melhorar,
tipos planos para fazer uma aula diferente. Falamos de alguns probleminhas do
colégio, pensando como resolver.” Com esse relato, podemos perceber o quanto é
fundamental um colegiado na resolução de decisões dentro da escola e a junção
de vários representantes para tratar de questões dos seus próprios interesses,
inclusive a categoria dos discentes. Podemos abarcar que o conselho escolar é:
[...] um órgão colegiado que tem
como objetivo promover a participação da comunidade escolar nos processos de
administração e gestão da escola, visando assegurar a qualidade do trabalho
escolar em termos administrativos, financeiros e pedagógicos. Para tanto,
desempenha funções normativas, deliberativas e de fiscalização das ações
globais da escola. (PARENTE; LÜCK, 2000, p. 157)
Compete assim, ao
colegiado escolar e seus integrantes buscar uma melhoria de qualidade para
educação pública, de modo que a questão quantitativa esteja relacionada com um
viés qualitativo de questões pedagógicas e dentre outros âmbitos. Ao
continuarmos o diálogo a aluna ressalta também sobre a participação dentro da
escola:
Não há grêmios estudantis, mas há
líderes de sala, representante no colegiado (alunos). Há um diálogo dos líderes
com a gente. Com representante de sala a gente conversa e fala com os demais
sobre as decisões. Nos reunimos para decisões. Em relação a dinheiro todos os
alunos não se reúnem para decidir não, mas eu no colegiado. Há uma participação,
interação só quando tem reuniões (da coordenação com os pais, entrega de
boletins) acho que deveria haver outros momentos. Mas acho difícil os pais
participarem de outros momentos se forem convidados. Em muitas das vezes os
alunos não avisam para seus pais e alguns pais também trabalham e não podem
vir. Não tenho sugestões no momento para acontecer esses encontros. Às vezes a
escola abre as portas para comunidade (jogos nos finais de semana e etc.).
Quando a escola faz algum evento à comunidade participa. Assim, quando a escola
decide as ações, são passadas para a gente e agente acata (a coordenação
comunica). Já aconteceram maratonas e gincanas aqui na escola e utilizamos de
outros espaços (centro de cultura e palácio das artes).
Nessa referente fala, a
aluna deixa implícita a carência da relação da família e escola, que pode esta
relacionada com vários fatores que envolvam todos os sujeitos, comunidade
escolar interna e externa, tais como: professores, pais, alunos, coordenação,
gestão escolar e dentre outras pessoas. Ainda sobre a questão de participação,
é fundamental ressaltarmos que:
A participação da comunidade, ou
seja, de pais de alunos e outros moradores, jovens e adultos, está longe de
significar algo em vias de concretização. Vários diretores revelam forte
descrença quanto a uma efetiva participação. Assim, em muitos depoimentos,
encontra-se a idéia de que a população é equivocada a respeito de uma suposta
exclusiva obrigação do Estado para com a educação escolar. (TORRES; GARSKE,
2000, p. 62)
Assim, o que não nos compete
aqui é dizer de quem é a culpa dessa carência, mas de verificar que em muitas
das vezes há uma transferência de atribuições, principalmente da família para a
escola ou até mesmo uma falta de comunicação e estratégias diferenciadas para
proporcionar esses encontros.
Referente ao tratamento
dos conflitos que ocorrem no cotidiano da escola foi especificado pela aluna
que “Quando acontecem problemas aqui na escola a diretora chama para conversar e se não
resolver chama outras parcerias para ajudar. E se continuar o aluno é transferido
da escola ou leva suspensão.” A mesma ainda complementa sua resposta dizendo
que “Os professores não dialogam e nem negociam em relação às brigas dos
alunos.”
Em relação à participação
da escola no Programa Dinheiro Direto na Escola - PPDE foi relatado pela aluna
que “A escola recebe do PDDE, que manda uma verba, acho que é do estado. A
utilização desses recursos é discutida democraticamente nas reuniões de
colegiado. O dinheiro é para as coisas mais urgentes.” Quando questionada
também sobre a participação em outros programas de incentivo à qualidade da
educação do governo federal, dos governos estaduais e municipais, a mesma
relatou demonstrando nenhuma informação sobre a questão “Não me lembro desses
programas, já ouvir falar do Mais Educação, mas não sei se na escola tem, acho
que sim.”
Nesse âmbito, podemos
perceber a importância da participação de alunos no colegiado escolar e a
necessidade de informação das especificidades que compõe uma escola. Cabendo ao
sujeito interagir nas questões e decisões que lhes são oportunas e necessárias.
Pois a responsabilidade da escola não é somente de uma parcela da comunidade ou
dos sistemas superiores de educação, mas de toda sociedade.
Intervenção
pedagógica com os Pibidistas (lideres de sala de aula) através de uma
estratégia lúdica na realização de pesquisa qualitativa sobre as
especificidades da escola
Ao compreendermos o
processo democrático na escola ou em qualquer âmbito da sociedade é de
fundamental importância abordarmos a cerca do diálogo como fator principal na
relação democrática de um grupo. O diálogo é o momento que está inteiramente
relacionado com a participação democrática envolvendo discussões para possíveis
tomadas de decisões dentro da escola. Nessa concepção a escola:
É um espaço socioorganizacional
no qual atuam diversos indivíduos ligados entre si por vários tipos de relações
mais ou menos formalizadas, abrigando tensões, negociações, colaborações,
conflitos e reajustamentos circunstanciais ou profundos de suas relações. (TARDIF
E LESSARD, 2009,
p.55).
Na intervenção pedagógica “A gestão escolar e
a vida cidadã” realizada com os Pibidistas
(líderes e vice da sala de aula)
constituído por um grupo de 12
alunos do Colégio Estadual Luiz Viana Filho-
CELVF foram traçados diversas questões referente a participação dos mesmos na
escola, tais como: os diferentes direitos e deveres do alunos e professores , a
necessidade de um grêmio estudantil, inclusão escolar, o papel da escola, as informações
da escola , a importância das decisões
serem coletivas, dentre outras questões que retrataram as especificidades da
escola. Sendo assim, abordaremos algumas questões específicas em relação ao que
foi citado anteriormente.
Assim, na análise dos resultados
observamos que os Pibidistas pronunciaram sobre as dificuldades dos mesmos
referente aos diálogos com as outras turmas e com a escola, necessitando assim
de um grêmio estudantil. Nessa vertente:
O Grêmio é a organização que
representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos
discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação, tanto no próprio
ambiente escolar como na comunidade. O Grêmio é também um importante espaço de
aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos.(ref)
O grêmio é na verdade onde o estudante
consciente do seu papel na escola tem a possibilidade de resolver e opinar nas
questões mais aprofundadas dentro do ambiente escolar, aumentando assim a
participação dos alunos na escola, contribuindo na construção de um ambiente
crítico e reflexivo. Sendo assim é fundamental nessa discussão destacar a
importância do diálogo. Na concepção de Freire:
Por isso, o diálogo é uma
exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir
e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado,
não pode reduzir-se e um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem
tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos
permutantes. (FREIRE, 2005, p.91).
Nessa reflexão, reconhecemos
a intervenção pedagógica como uma possibilidade de diálogo, na medida em que nos
colocamos como sujeitos ativos dentro do ambiente escolar. “O que importa, o
que verdadeiramente importa, é recentrar
o nosso discurso sobre a escola. Dar prioridade, não ao sistema ou às escolas
,mas à Escola com letra grande. Mas para isso, há que alargar, ampliar elevar o
olhar: ver a Escola para lá das escolas”.( POMBO,S/D,p.28).
Diante das questões
propostas por nos Pibideiras (bolsistas) na atividade com os Pibidistas, ambos refletiram
sobre as especificidades da escola, no tocante da gestão escolar. Neste sentido,
as discussões envolveram todos na Intervenção Pedagógica de maneira
significativa pela motivação das atividades lúdicas que “[...]
por si mesmas, são construtivas, na medida em que são ações; e, sabemos, a
partir de várias tradições teóricas, que o ser humano enquanto age modificando
o mundo, modifica-se também a si mesmo”. (LUCKESI,S/D,p.43). Importante
ressaltar que o lúdico que utilizamos foi o jogo confeccionado por nós e
denominado como “Jogo da árvore genealógica” devido ás diversas imagens de
escolas que utilizamos, composto por diversas bexigas e envelopes na pretensão
de fazermos comparações e indagações sobre a
escola na vida dos discentes. Contribuindo assim, para um bom
desenvolvimento dos diversos pontos propostos que reverberaram numa pesquisa de
abordagem qualitativa na interpretação dos fatos, levando em consideração as especificidades
de cada discussão. Sendo assim entendemos que:
Por meio do método qualitativo, o
investigador entra em contato direto e prolongado com os grupos humanos, com o
ambiente e a situação que está sendo investigada, permitindo um contato de
perto com os informantes.(MARCONI; LAKATOS, 2004, p.272).
Facilitando assim o
desenvolvimento da pesquisa com o movimento contextualizado dos sujeitos
envolvidos. De modo que tivemos um compromisso ético com as opiniões e com os
dados coletados para essa atual reflexão.
Na discussão que
abrangeu as contribuições da escola para a vida dos alunos, percebemos que alguns
alunos trazem um pensamento limitado no sentido de não pensar a escola numa
formação completa do individuo, porque para eles a escola vai trazer um conhecimento
profissional. É neste sentido que para Paro (2007) a formação de indivíduos
críticos, transformadores e libertadores só podem ocorrer numa escola de
qualidade, que busque a formação do sujeito para autonomia, tirando o mesmo da
heteronomia, trazendo elementos culturais numa educação para democracia, na
emancipação do humano para ser feliz, no qual o trabalho sirva para a
construção e a transformação da realidade. Essa realidade somente poderá
ocorrer em espaços que possuam uma gestão democrática, desde a participação dos
profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico, até o
fortalecimento do colegiado e a diminuição das diferenças socioeconômicas.
Ao percebermos o
processo de uma gestão escolar democrática os alunos revelam diversos entendimentos
acerca da questão abordada já que se tratava de um público de
doze alunos, como por exemplo, para alguns alunos uma gestão escolar
democrática é aquela que “deixa os alunos informados das decisões e participa das
decisões que são tomadas na escola.” Em relação ao questionamento se as
decisões da escola são democráticas alguns discentes revelam que quando a
escola vai tomar decisões os alunos não sabem quando ver já tomou, a escola
toma decisão e dar a notícia”. Uma outra opinião acerca da mesma pergunta foi
contemplada da seguinte forma: As informações são postadas nos murais da escola o alunos
também tem a obrigação de buscá-las. Percebemos assim que as informações na
escola é um ponto importante, mas que uma gestão democrática vai muito além das
decisões e das informações.
Sobre a questão
financeira, as respostas foram contrárias também, pois alguns opinaram que os
discentes não precisam saber o que a diretora vai fazer com o dinheiro, já
outros discentes especificaram que eles precisam sim saber. Sabemos que a
obrigação do gestor é informar sobre os gastos da escola e cabe aos alunos como
indivíduos participantes do processo educativo manter-se informados sobre a
questão.
Na definição da
democracia eles acreditam que é ser democrático é “compartilhar as opiniões com
os outros.” Sendo assim, podemos citar que o dicionário Aurélio define
democracia como “1.Governo do povo;
soberania popular.2.Doutrina ou regime político baseado nos princípios da
soberania popular e da distribuição equitativa do poder. (Ferreira, 2001, p.226)
Na afirmação de alguns
alunos, ficou óbvio que os discentes possuem já conhecimentos sobre seus papéis
dentro da escola, pois são cidadãos de direitos e deveres, mas em relação à
concepção de uma gestão escolar democrática ainda há diferenciações, ficando
retratado que ainda não possuem uma definição do que é realmente uma gestão
democrática.
Sobre a reflexão da
gestão escolar democrática, Paro (1987) ressalta como algo utópico, não por que
é impossível de existir, mas por que pode ser vista como inexistentes, mas
capaz de existir para solucionar muitos dos problemas escolares.
Dessa forma, as
possibilidades surgem com diálogos e o reconhecimento do que é ser cidadão e o
papel essencial das participações dentro do ambiente escolar. Na medida em que
reconhecem a necessidade de uma gestão escolar que sejam de responsabilidades
de todos e pensadas na resolução das suas realidades educacionais. Sendo assim,
o que podemos trazer para o nosso
diálogo são os resultados de uma gestão
democrática que de acordo com estudos
demonstra ser “[...] positivos
nos índices de aprovação e permanência do aluno na escola , e a participação dos pais , em um processo que não vise à mera
cobrança ao professor , mas à efetiva integração no processo de ensino e
aprendizagem[...]”( FERREIRA E AGUIAR, 2001,p.250)
Sobre a questão da
cidadania, os discentes especificaram que todos os homens e mulheres são
cidadãos e que tem os seus direitos e deveres, mas que em muitas das vezes os
seus direitos não são correspondidos devido às questões econômicas, sendo
assim, privilégios somente para uma minoria, e que na maioria das vezes eles
enquanto simples estudantes não têm o direito de exigir (por não ter condição
financeira).
Ainda sobre a questão
da cidadania, eles disseram que ser cidadão é estar orientado pelas coisas da
política, deixando implícito o papel importante da política na vida dos
cidadãos, e argumentaram também que o papel do cidadão é justamente respeitar e
colaborar nos diversos espaços e na sociedade. E neste sentido que Adenilson Junior
e Resende (S/D, p.13) afirmam que no“ [...]processo
de constituição da cidadania, a educação assume um papel importante na formação
do cidadão”.
Prosseguindo
ainda com a análise referente à vida cidadã e o papel deles dentro da escola e
de alguns como líderes de sala (líder e vice-líder), o grupo de alunos relata a
importância deles na sala de aula como exemplo para seus colegas, com
compromisso, autoridade, frequência nas aulas, tentar conservar a organização da
turma e tomar decisões dialogadas com os seus colegas.
Continuando
com o diálogo em outra instância da intervenção pedagógica onde os discentes
queixaram sobre os direitos que os professores tem diferenciado deles, como
exemplo disso, o grupo de alunos relataram que alguns de seus professores
chegam atrasados na sala de aula e já os alunos são extremamente proibidos aos
atrasos no início das aulas. Na concepção dos discentes, a categoria docente
deveria pelo menos justificar perante aos discentes, pois eles merecem também
uma explicação, exigindo então direitos iguais na escola. Assim, entendemos que
para o exercício da democracia se concretize é preciso uma mudança de postura
do professor numa relação direta no processo de modificar a si mesmo para modificar
o outro.
Assim,
o estudo que realizamos no PIBID resultou nessa citada intervenção
pedagógica que ocorreu através da ludicidade, que estabeleceu assim uma
discussão acerca das especificidades da escola envolvendo os estudantes numa
dimensão de sujeitos ativos na comunidade escolar, corroborando assim para uma pesquisa
de cunho qualitativo numa reflexão contextualizada.
CONCLUSÃO
Diante do que foi refletido sobre gestão escolar, podemos
interpretar e analisar a escola como espaço de acontecimentos e participação nas
decisões necessárias para que a democracia aconteça de forma construtiva e
interagida entre a comunidade escolar. No caso da escola analisada e dos
diálogos traçados com os alunos foi possível compreender que a gestão escolar
constitui vários caminhos, podendo ser estes financeiros, administrativos e
pedagógicos e que depende do compromisso dos cidadãos na busca de atitudes e
estratégias para uma possível gestão escolar democrática.
Ao compreendermos o processo formativo inicial e contínuo do
professor entendemos que os referenciais teóricos estudados e as experiências
proporcionadas pelo PIBID sobre gestão escolar ampliaram os nossos
conhecimentos, contribuindo na elaboração dos estudos dessa referente intervenção
e discussão, esclarecendo vários questionamentos da docência. Oferecendo assim,
a oportunidade de nos tornamos pesquisadores, para então desenvolver uma
reflexão da prática pedagógica no cotidiano do contexto escolar. E uma ação – reflexão
– ação desenvolvida no tocante da gestão escolar, lugar entendido como um dos
diversos campos de atuação do pedagogo.
Discussões
como essas trazem contribuições para atuarmos como futuros profissionais, numa efetiva
educação de qualidade nas escolas, que proporcione aos alunos da educação
básica uma gestão escolar democrática onde todos os alunos se sintam membro atuante
na comunidade escolar.
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